sábado, 12 de fevereiro de 2011

Dad ;

Sempre te tive é certo.. Mas nunca te tive do jeito que eu queria. Sempre te tive frio, ausente, sempre te tive do meu lado de uma maneira dolorosa pois tu sempre te mantives-te disposto a partires-me o coração, a alma e a quebrares o pouco que restava do meu caminho. Durante toda a minha vida fui perdendo o respeito por mim, fui perdendo toda a confiança mas o mais triste é que fui perdendo o brilho do meu sorriso, embora eu seja forte o suficiente para todos os dias manter um equilibrio racional entre o meu corpo e o chão, todos os sorrisos que eu lanço são frios e apagados. Nunca consegui perceber o porquê da vida ser tão madrasta.
Roubas-te a minha infãncia, por causa de ti não brinquei, não ri, não saltei, por causa de ti vivi os meus dias sentada a um canto a tentar ganhar forças e a ver o mundo atrávez da minha alma transparente que corria em desespero pelo mundo fora á procura de um corta mato... mas tu não me roubas-te só a infância, roubas-te tudo o que eu era e por a causa de ti os meus passos tornam-se curtos porque tu encolhes-te me , encolhes-te me ao ponto de ter medo, ao ponto da insegurança me dominar como um homem do circo domina as feras na arena.
Continuo aqui sentada, no meu jardim, o meu mundo acabou de me cair aos pés. Embora tenha o meu caderno, o meu cigarro e o meu grande amigo de longa data, choro... Choro porque penso que há quem ande pelo mundo sozinho, que há quem deseje ter um pai presente ou apenas vivo, que há quem deseje que o pai caminhe ao seu lado ou simplesmente lhe pergunte se está tudo bem e embora pareca cruel da minha parte por vezes desejava que tivesses morto porque ai a tua ausência teria um motivo, uma resposta a um "Porque é que não estás aqui?" , para vocês dizer isto é desumano mas para mim é uma defesa. Podia simplesmente dizer que está tudo bem, que a minha vida é cor-de-rosa e perfeita, que os meus dias são radiantes e explendidos, mas iria estar a mentir, não só para vocês mas também para mim mesma. A verdade é que me sinto perdida, a verdade é que vagueio á solta, estou aqui e embora pareca segura, não me sinto bem... Sinto-me sozinha, sinto-me vazia, sinto-me transparente. Sinceramente, eu já não sou humana, já não uma pessoa, agora eu sou um robô progamado para sorrir e finjir que está tudo bem e sou também uma actriz, numa telenovela real, com o papel principal nas mãos onde a rua é o meu cenário e o meu guião é sorrir enquanto choro por dentro.
Porque é que vens e me partes a alma ? Porque é que vens e vais embora ? Porque é que vens e me atiras para o chão em vez de me agarrares a mão e caminhares comigo ? Porque é que me matas em vez de me dares vida com um sorriso ? Porque é que gritas comigo e me chamas as coisas mais crueis em vez de me olhares nos olhos e dizeres que me adoras ? Porque é que me tiras o paraiso e me dás o inferno ? Porque é que me partes a alma em vez de me colares o coração ? Porque é que me deixas sozinha e quebrada em vez de te juntares a mim e construir o que outrora foi destruido ? Porque é que me quebras o caminho e me deixas deitada na estrada a sangrar toda a dor da tua ausência em vez de construires um novo caminho comigo e me dares a mão deixando me mostrar-te o que o mundo tem de bom ? Porque é que não me chamas filha e não me tratas com o respeito que eu te dou ?
Essas são apenas algumas das perguntas que como o tempo, vão passando por mim, todos os dias, porque todas as tuas palavras más e toda a tua ausência me tiraram a força e a vontade de viver e agora está tudo demasiado dificil, no fundo, eu só queria que me abraçasses com os teus braços grandes e fortes e que com o teu abraçar me curasses as fridas e me fizesses sentir segura, porque agora o simples facto de atravessar a rua me mete medo e mete-me medo por sentir que não vale a pena e por estar demasiado destruida para continuar com esta luta constante e sufucante á sobrevivência.
Infelizmente não posso ignorar o facto de seres meu pai, de eu precisar de ti e de te continuar a amar como ninguém te irá amar alguma vez e embora me sinta ridicula sei que nunca te abandonei mesmo quanto tu me abandonas-te. Vou pousar o meu caderno, vou me deitar sobre o meu mundo quebrado e frio, vou fechar os olhos e vou sonhar, vou sonhar contigo e com o abraço que nunca tive teu, pai.

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